A vida como um livro deixado de lado - John Ashbery
é isso que faço agora, sem paisagens, traduzo as metafísicas do john
Rasuramos letra por letra
E a afirmativa se mantém vaga
Como uma inscrição na porta de um banco
Com numerais romanos indecifráveis
O que, de certa maneira, talvez diga muito
Estávamos sendo surrealistas? E por que
estranhos no bar analisam seus cabelos
e unhas, como se o corpo
Não fosse procurar e achar a mais confortável das posições
E sua cabeça, aquela coisa estranha,
Se torna mais e mais problemática a cada batida de porta?
Temos falado um com outro,
Levado cada coisa apenas ao seu limite,
Mas na ordem correta, assim é a música,
Ou algo próximo a ela, dita à distância.
Temos algum conhecimento,
E mais que a ambição necessária
Para fazermos disso uma fruta de nuvem
Que nos protegerá até desvanecer.
Mas o seu sumo é amargo,
Não temos disso nos nossos jardins,
E você deveria subir até o conhecimento
Com esse sarcasmo desprendido, para lá alguém
Te dizer de vez: não está aqui
Apenas a fumaça fica,
o silêncio, e a velhice
Que construímos como uma paisagem
De alguma maneira, e a paz que bate todos os recordes,
E cantando no campo, um prazer
Que há-de-vir e não nos conhece.