Máquinas Navais II
este arquivo docx aberto leva o título poemas p/ o Rio, no rodapé da página consta-se a data 2018/2021. desde então nunca mais escrevi poemas
[com uma faca de pão entre os dentes]
eu disse não – diante
das máquinas – e você
também disse
não – diante
das máquinas navais –
pois prefere os blindados
e os pântanos
e eu uso filtro japoneses
no preparo
do café
mas cai
uma saraivada de granizo sobre o mar
e cai a noite
<< Acendam o farol dos bois>>
Tubos
:
materiais – diâmetros comerciais –
cronograma
meios de ligação
válvulas
ela
:
você sabe o que eles dizem
ninguém nasce odiando
juntas de expansão
e purgadores de vapor
você aprende de certa forma
ao longo do
estamos
sim, estamos nos movendo sem hesitação pelo século
te dizer? quem é capaz
de dizer / ao outro
isolamento térmico
noções de hidráulica
dimensionamento
e então
como coordenar o nado
ela olha /como o melhor do meu povo /olha
em uma direção /na direção dela
a simbologia das tubulações
e o desenho isométrico
eles sabem
estes são os elementos
sobre os quais
se erguem
e não os nomes
suportados
por este
falso
futuro
dizem o momento tardio é ok
muito mais moderno
que seu início
a grandeza característica das bombas
:
a cândida questão de saber
se desfraldar a tempo
as bandeiras
na torre de S. Martinho
teria evitado o bombardeamento
da cidade
e o salto livre sobre a história
a cidade
quando a vi e eu vi na chuva as pessoas de capa amarela sob o viaduto e também vi as cadeiras de praia sobre o viaduto ao lado da vila militar de tetos de amianto quis incluí-las na história e poderia adivinhar seus nomes ou os nomes daqueles que pescam ao fim do píer pintado de cal em tubiacanga onde você chega se tem sorte – e nós, ocidentais, temos toda a sorte do mundo – de ser o primeiro na van e agora as pessoas repousam nos pilares do viaduto falo com tranquilidade é o primeiro passageiro que indica o itinerário os ferros fatigados e vermelhos ao lado do arsenal de guerra os túmulos de pedra branca que não refletem nenhum rosto de fato isso não poderia ser o mesmo que os seus 5 min no subsolo mas esta é a história da tua cidade sempre há alguém pescando no costão ou no viaduto ou no pneu ou no deck do shopping ou na parede de cal do terminal há sempre uma virgem no azulejo azul e alguém que tinge as pontas do cabelo de azul e outro que cultiva um bigode miúdo uma criança morta um jardim guanabara e sobre o morro da conceição um observatório + 1 Fortaleza onde um cão come/onde nas oficinas de material bélico se registrou a primeira greve do Rio de Janeiro 1791 + 653 acidentes de trabalho uma senhora coreana refletida na vitrine 77 agiotas pagando com uma marmita suas propagandas mais de uma desapropriação 1 Tróia em que o dragão chinês mija ou numa praça uma iemanjá e uma igreja óbvio outra propriedade carioca pintada de cal para nos lembrarmos que essa cidade é também litorânea teria abandonado o antiquário para ser um prático como o irmão do Sokurov jamais permitiria que um cargueiro lotado de containers da China Shipping segundo os jornais locais da companhia suíça MSC Pragui e de bandeira liberiana encalhasse no banco de areia na altura do Caju enquanto seguia rumo ao cais de São Cristovão ou jamais saltaria deles nessa baía de baixo calado sempre que você corre toca a abertura de yu yu hakusho da avenida um teleférico a estrela de davi sobre uma caixa d'água um castelo e um prédio industrial em demolição outra caixa d’água por você fotografada ao lado do Comando da Aeronáutica esta cidade está montada para a guerra da ponte se conta 5 submarinos 6 fragatas 3 avisos 1 navio tanque 5 navios de embarque 1 multipropósito 1 marambaia 1 quebra-gelo 1 porta-aviões em desmonte e oco por dentro + 2 Fortalezas e o Forte da Lage esta cidade está montada para guerra 2 blindados 4 jipes no sinal de frente ao rei do mate atravesso é fácil amar os portões de metal ornados o trabalho com os tijolos e os estacionamentos verticais que iluminam a terceira plataforma de petróleo atracada na cidade
a cidade
descendo
à esquerda
o funcionamento das bombas
em paralelo
mas nós
não somos
– suficientemente –
modernos
chego em casa e
cheira a peixe