hey! o q? um crítico fala de uma espécie de teatro da ocultação. uma estética que privilegia somente o relato do desvio. o q? nesse tempo os candeeiros a gás brilhavam como um dogma e os meninos sobre os pneus pescavam, mas não foi isto que eu vi. Nem vi o gibão de couro que se estendia do teu ventre ao teu peito. Tudo bem. Tenho que falar sobre o que eu vi. Mas acontece que as nuvens chinesas em colapso ao lado das ferrugens dos rebocadores, eu não vi. O que eu vi, eu vi, naturalmente. Vi o que toda gente viu. Entende. Os troféus dispostos na montra vazia do talho e os crucifixos de pvc nas estradas, e agora, no cais, os guindastes, a tua pedra lapidar e as inscrições nos containers. Não quero dizer tudo o que todos viram todos viram porque eu vi. Não. compreende. Não. por isso insisto nas fórmulas mais óbvias do patético. Não é tanto uma questão de descrição, mas do gesto, sabe, de falar sobre as coisas últimas da vida em termos do banal. Isso. Em termos do que vi. E o que vi era o que eu vi. A rua de capas de chuva perpendicular à rua dos equipamentos sonoros. Esta é outra questão. A loja de quinquilharias batizada de Homero entre os antiquários, o stencil sobre o chão diz Ele voltará Não somos maçons e a freira observa os burrinhos rosas selados, mas também não foi isto que eu vi. Não era uma torre de baunilha nem a extensão de água ao norte o que eu vi era outra coisa. Você gostaria que eu dissesse os remanescentes de um projeto em construção: saturno molhado e um tanto abandonado imaginem observa a única batata que emerge do hall da biblioteca e diz que do seu ponto de vista brancos eram apenas os ventres luzidios dos peixes. Não. quer saber. era outra coisa. sei. preciso falar sobre o que eu vi. Tatuaria borboletas somente se mortas como aquelas amassadas pelo vidro e um galo se decepado. Sim, os cavalos precisam estar vivos. E se eu chamar minha filha de Tácita ela correrá entre os náufragos? Desculpa. Não era isso. Mas eram os homens cochilando diante da sonda de perfuração e os cascalhos nos trilhos de comboio. Com certeza. Não há mais balas de gengibre no mercado chinês. E o manequim criança tem os braços amputados. Um ninho de cobra sobre a folha de um atlas antigo. Para onde quer que olhasse saía-me dos olhos. Q. Não podia piscar os olhos ou o mundo ficaria cego. Q. mentira. Sim. Mentira. Ninguém jamais profetizou o peso e o valor de uma pedra – na cabeça de um abutre -, sempre foi, meramente, a aplicação correta dos métodos do pragmatismo. A progressiva mutilação dos corpos. O escafismo dos persas – ou o suplício dos botes. Um bambu e os bichos da seda. O mundo é o mesmo, digo, diferença entre um vulcão e um porquinho da índia não há; e não é uma descrição porque é que é como é é que é uma descrição. novamente, não é o caso. É o gesto. Da inadequação. Isto mesmo. O estranho odor vermelho e os modos tristes e os gestos patéticos. Me perdoe pela repetição. Deveria falar sobre o que eu vi. O registro de guerra. Os cálidos e secos braços. Os viadutos e tudo que está abaixo. Deitou-se no chão cobrindo as orelhas e o som dos cavalos e o som dos mecanismos dialéticos disputados no transporte coletivo. um critério de indisciplina. As máquinas da cidade. O anjo de Dürer imóvel. A faca de circuncisão de Josué. A rua dos soldadores e os meninos que saltam ao mar tão perto dos pilares – de ossos concretados. Todas essas imagens não são o suficiente. Não. o mundo continua o mesmo. O engraçado é superlativo para o julgamento das ações. entre a cozinha e o corredor viu um fantasma que lhe levou as bandagens. A mania escusatória e a mania de omissão. Não era isso. O crepe chinês e o estudo de cabelos do Imperador, mas a cabeça exausta, a miniatura do cemitério, as luzes dos cargueiros sob a chuva, enfim, os seus joelhos arregaçados. vi o que todo mundo viu.
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